segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Estudo de luz

Nada mais apropriado do que estimular a percepção do comportamento da luz em aspirantes a arquitetos. Portanto, exercitando o conceito da maquete como instrumento de estudo, nesta aula foram trabalhados experimentos envolvendo o jogo de luz e sombra. 

Para aguçar a criatividade foram apresentados alguns exemplos de arquitetos consagrados como Le Corbusier e de outros mestres em composição através da manipulação principalmente da iluminação natural, como Tadao Ando.

Partindo para a prática, foram reforçados os conceitos de escala e introduzidos elementos mais, digamos, engenhosos, no que diz respeito a interpretação visual. 

Os experimentos deveriam ser realizados trabalhando o interior de uma pequena caixa de papelão (uma caixa de sapato), e registrados através de uma lente convergente (como a de um olho mágico) para conferir "profundidade" às imagens.



O primeiro experimento trabalha o direcionamento da iluminação externa por meio de aberturas profundas, conseguidas pelo encaixe de partes de caixa de fósforo em uma tira de papelão vazada. O que, mantenham-se as devidas proporções, exercita o mesmo conceito das janelas da catedral de Notre Dame du Haut Ronchamp de Le Corbusier.



Através de anteparos translúcidos, foi possível também simular algumas tonalidades que a própria luz do sol, dependendo da hora do dia, pode adquirir.


Utilizando o flash da câmera, foi possível também simular situações de diferença extrema de iluminação entre o interior e o exterior de um ambiente.


Ficou claro que uma quantidade de luz incidente pode poluir a composição se combinada com superfícies reflexivas em excesso. No entanto a mesma quantidade de luz pode também gerar incríveis efeitos de espelhamento quando há contraste entre reflexão e opacidade numa proporção adequada.


Por último, uma das mais interessantes lições extraídas do exercício, quanto mais sutil a abertura, mais intenso  parece se tornar um feixe de luz a penetrar em um ambiente. As faces interiores recobertas de material escuro potencializam o efeito, conferindo ao feixe mais, por assim dizer, solidez do que possui a própria "parede" em questão.

domingo, 21 de agosto de 2011

Explorando cheios, vazios e tensão

Dando continuidade ao processo de dissolução de equívocos e de abertura da mente para a materialização de idéias, na segunda aula do semestre foram exploradas as possibilidades do brinquedo dinamarquês, já sexagenário, mundialmente famoso - o Lego.

De acordo com informação do fabricante, com apenas seis peças LEGO (do latim, "eu armo" ou "eu junto" ou ainda "eu monto") 2x4 são possíveis 102.981.500 combinações diferentes.  

Nos países desenvolvidos são usados, desde a pré-escola até à universidade, com o fim de estimular a concentração e criatividade, dos alunos de design, robótica e mecatrônica. Portanto não há duvidas de sua aplicabilidade à alunos ingressantes de um curso de Arquitetura com o fim de desenvolver tais habilidades.

Dentro de um limite de 8x8 módulos de lego (oito bolinhas) foi possível explorar a composição de cheios e vazios e experimentar os efeitos de tensão obtidos por reconfigurações de uma mesma montagem. O primeiro passo foi montar um objeto de faces lisas com protuberâncias e irregularidades voltadas para dentro.


Daí, a "pele" do objeto deveria ser alterada, sem adição ou subtração de peças, somente através da reconfiguração da montagem.


No entanto, a intenção do exercício era obter uma composição de cheios vazios nas fachadas do objeto, portanto o passo foi repetido.


Posteriormente outras montagens foram experimentadas, como por exemplo compor um interior liso, de modo a permitir deslocar uma peça em alturas diversas.





As conclusões do exercício se deram através da explicação do professor sobre a possibilidade de se experimentar efeitos de tensão provocados pelas aberturas e como isso se aplica na Arquitetura através da exposição de algumas obras. 

As obras escolhidas se mostravam, algumas intencionalmente, outras por coincidência, inspiradas em montagens de Lego. 

Como exercício para casa, nos coube executar o inverso. Minha escolha foi reproduzir uma obra do escritório inglês Urban Space, a Container City. O módulo representado foi instalado em 2001, em quatro dias, e está equipado há mais de 5 meses, no Trinity Buoy Wharf , no bairro londrino de Tower Hamlets.


Um dos equívocos dissolvidos durante a aula foi a necessidade do desenho como instrumento indispensável e a maquete como complementação para representar uma idéia. Ficou claro que ambos são apenas maneiras diferentes de expressão.


Particularmente acredito que no mínimo a representação volumétrica através da maquete em Lego expressou melhor a obra do que faria um desenho. Se o objetivo do exercício era mostrar isso, foi um sucesso.

REFERÊNCIAS:
1. http://www.urbanspace.com/container_city.html, acessado em 21/08/2011, às 18:46
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lego, acessado em 21/08/2011, às 17:21

sábado, 13 de agosto de 2011

Primeira aula: Paper Folding ("dobraduras")

Além de, sem dúvida, muito divertido, o trabalho com as comumente conhecidas como "dobraduras" em papel pode se mostrar uma interessante maneira de estabelecer o primeiro contato com o estudo da forma. Foi o que mostrou a primeira aula deste semestre.

Após uma fundamental introdução feita pelos monitores da disciplina, em que com apenas uma exposição e comentários certeiros sobre algumas maquetes do laboratório de modelos, foi possível relativizar e até mesmo dissolver vários equívocos comuns sobre a confecção, os objetivos e a finalidade de uma maquete.

Foram frisados fatores como a escala e os diferentes propósitos a que uma maquete pode servir. Ficou bem claro que a relação do objeto representado com dimensões universalmente reconhecíveis (como o corpo humano, ou a vegetação) é determinante na leitura de uma maquete. No que diz respeito ao propósito, destacar certos elementos ou, pelo contrário, atenuar outros, através do uso diversificado de materiais, ou através dos limites de interatividade do observador com a maquete (como a possibilidade de montar/desmontá-la durante a exposição), permite variar sua finalidade. Podendo existir maquetes de experimentação, essas em geral de caráter não definitivo, podendo gerar outras durante o processo, maquetes estruturais, maquetes para exposição, dentre outras.

Feito isso, já com um olhar diferente sobre o processo, começamos a experimentar dois tipos de dobradura em papel sulfite. Durante a execução foi possível perceber que tal material, aparentemente tão simples, pode adquirir tensão, se sustentar em diferentes posições e ganhar funções variadas. Pondo em prática os conceitos de escala explanados no primeiro momento da aula, uma das dobraduras, próxima a um dos menores calungas do ateliê, ganhou proporções de uma edificação, enquanto quase instantaneamente foi possível enxergar na outra, uma arrojada cobertura:


Assim concluo convencido de que o estudo da forma pode envolver materiais e técnicas, ao primeiro olhar,  bastante simples, no entanto muito úteis para compreensão de conceitos relativos à confecção de maquetes.